sexta-feira, 28 de março de 2008

Caracter(es)

Incomoda-me imenso quando os verdadeiros tiranos se manifestam e salpicam a sordidez das suas existências. Felizes no seu mundo imaginário são capazes das suas maiores maldades que ultrapassam em larga medida as mais impiedosas leis da natureza. Prometem ilimitações memoráveis, o sonho de uma vida. Quando se vai a ver, apenas menções impiedosas e implacáveis. Não preciso dizer nada mais... o teu carácter, ou antes, a tua falta de carácter fala por mim. Temos pena!

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O carácter é o conjunto de todas as características que fazem parte da tua personalidade. São marcas, símbolos que te permitem mostrar ao mundo. Ser amado ou odiado. São os gestos, as palavras, os olhares, os toques, os silêncios, os cheiros, as ambições, as fraquezas, as tristezas, as certezas e incertezas, as atitudes, os valores, os sabores, as expressões e impressões, as contradições, os sentidos, os erros, os sinais, as letras, os traços. Saber como és é tão complexo como contar as estrelas que existem. Não as que existem no Universo, nem na Via Láctea, nem no Sistema Solar, apenas as que existem no meu campo de visão. São infinitas as possibilidades. Mas tentar conhecer-te um pouco melhor é um desafio tão provocador e extenuante como contar as estrelas que vejo da janela do meu quarto. O teu carácter molda-se a cada movimento do meu olhar, a cada pulsação do meu coração, a cada inspiração, a cada momento. Rompe com os teus medos e mostra-te, mostra-me quem és, como és, o que vales. Segue o teu instinto, provoca-me…

quarta-feira, 19 de março de 2008

Pecado

Dou por mim várias vezes a retomar a atitudes que me fogem do alcance. Recolho-me ás carícias, ás expressões, ao aconchego de tempos passados que jamais serão de um presente, mas que poderão ser sempre de um futuro desejado. São beijos insaciáveis que se perdem na vasta noite em que duas almas alimentam os seus desejos carnais. São paixões platónicas que jorram pecado em cada gesto que manifestam. São. Não. Foram. Olhando a luz de um candeeiro defronte, com a respiração agitada de revolta interrogo-me sobre a perseguição à dança dos corpos quando se entregam ao prazer, ao manifesto do amor. Não. Um manifesto tão grandioso não pode ser pecado. Não pode.

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Surpreendentemente, constatei, na mais alta consideração que tenho pelo meu ser, que pequei em todos os campos do pecado capital. Muitas foram as vezes em que: não resisti à tentação da gula; me deixei dominar pela preguiça; reagi com alguma ira e avareza; fui sobressaltada pela soberba; exibi vaidade e luxúria; cedi à inveja. Confesso, sou pecadora! Peco todos os dias quando reivindico o fim das barbáries do mundo e em nada contribuo para que terminem. Peco por não exigir o suficiente de mim. Peco sempre que estou centrada no meu umbigo. Peco porque, apesar da consciência do pecado, continuo a pecar todos os dias. Mas rapidamente, acalmo a minha alma que já se encontra em declínio. Também sou capaz de actos virtuosos. O pecado também pode ser saudável…. Que seria de nós sem um bom pecado?.. Sem um desejo proibido?... Sem uma fantasia secreta?...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Evasões Solitárias

Sentada neste quarto repouso, baixo os meus olhos e tento descansar das imagens que me passam a toda a hora e que a toda a hora tenho de processar. Só eu estou aqui. Só eu. Sim, sozinha! Doce ou fraca conforme me apetece. Esquecida por todos e esquecida por mim. O meu alter-ego é agora aquele ninguém que mais me incomoda neste momento, o meu outro lado... o vazio. O vazio que neste momento esmaga a minha superioridade. Aquela que tantas vezes me conduz para a magia, hoje arranca-me dos sonhos... a solidão. Usando uma expressão que li hoje e porque assim a sinto, ela é a minha frente e o meu verso! Hoje ela traz o sentido mau á minha vida e embate nos meus pensamentos bruscamente de forma a reforçar o meu aborrecimento e a atenuar a minha consciência para a sua inóspil presença. Ironia, como se eu precisasse de reforços de verdade...

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No corre-corre do nosso dia-a-dia são tantas as vezes em que, estando rodeados de inúmeras pessoas, nos sentimos sós. Ficamos desamparados, desprotegidos e sem norte. Sofremos pelo que sentimos, pelas palavras que não têm destinatário, pelas interferências da poluição sonora que nos envolve, pela vontade que temos de gritar para que todos nos possam ouvir, por querer chorar sobre um ombro que não está disponível. Mas estes, são momentos passageiros, temporais, que não se projectam nem no espaço e nem no tempo. São momentos de introspecção, importantes para um crescimento individual, para um aprofundamento de nós mesmos e dos outros. O outro lado da solidão é aquela em que o conforto, a companhia e a cumplicidade humanizante fazem parte de uma memória que se esconde para lá das cinzas de uma vida. São momentos intemporais de profunda degradação de conceitos e valores. Tragos amargos da escuridão imperceptível.

Estar só, viver na solidão, é um estado de alma, um estado físico, um estado psíquico, um estado emocional… é um estado VAZIO.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Limites De Uma Liberdade

A liberdade é uma ilusão. São imperdoáveis as histórias harmoniosas de omissões de verdade, falsas de acréscimos que esta vida de catálogos falantes nos oferece. Não é segredo nenhum o que estou a representar por grafismos mas é mais agradável fingir desconhecimento. È fácil recusar o utopismo que o conceito de liberdade despende. É deplorável a falsa ideia de que vivemos libertos... A nossa servil vida nada mais é que um conjunto de protocolos impostos e não digo isto com demasiado espanto. Empobrece-me ter este conhecimento e ainda me entristesse mais saber que não sou a única a ter esta percepção. A nossa vida são factos estéticos que pretendem agradar o outro e a nós. Não me encolho e dobro perante esta realidade bruta com que me deparei há já algum tempo, luto a cada fluir do dia, a cada fluir da noite pela doçura que esta falsidade me pode proporcionar e percorro-a ignorando o engano. Afinal também eu posso fingir, e entre altos e baixos, verdades e mentiras, existe um caminho que posso percorrer... o da liberdade aparente.
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A liberdade pode ser aparente, mas fomos nós que a tornámos nesta sensação de falsidade. Mesmo nos pequenos gestos que nos libertam de preconceitos e ilusões podemos encontrar um sentimento libertador. Ainda que nos sintamos muitas vezes condicionados, se o nosso pensamento é livre, então somos livres.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Dreaming

Queria escrever, fazer o texto ideal com as palavras ideais. Palavras com pormenores decorativos que nos levassem, pela sua leitura, a viajar no tempo e através da magia. Mas nesta tarde cinzenta é com certa vergonha que confesso que só me saiem disparates. Tal é o meu estado de espírito que só faço comentários que tantas vezes denominamos de ‘tristes’ – e a verdade é uma, é que de facto, mais vale estar calado do que dizer asneiras ou antes cair em graça do que ser engraçado, - como podem ver, daqui não sai nada. Num dia em que dos pés á cabeça sinto a maior das indiferenças por tudo e mais alguma coisa e que não me importo com a ponta de um corno, o trabalho de casa era falar de “sonhos”,(falar de sonhos, como se me apetecesse estar agora com essas obsessões de quem não tem nada que fazer – este foi só mais um comentário.... ) É-me realmente impossível num dia destes deixar-me deambular pelo ritmo das palavras, porque as minhas palavras estão arritmadas, desordenadas, parvas... Parece que me cortaram a comunicação telepáticamente. É com ardor nos dedos que escrevo esta pequena justificação inútil, porque certamente bastariam umas simples palavras – como quem pede desculpa!! – para te dizer que, daqui, nada. Quando penso, ai e tal é agora, vou falar de sonhos... dá-se-me assim uma coisa e... calo-me. Mas não desisto e tento abraçar cada palavra que circula na área dos meus pensamentos e num instante reparo na característica escorregadia que cada uma delas apresenta. Não está a ser fácil cumprir com a minha palavra... Começo a matutar.... a matutar.... e lamento do fundo do meu coração esta contrariedade. Mas hoje, daqui, nada...

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Senti uma reacção muito parecida e confesso que esta noite o meu sono foi muito agitado, mas agora ao final do dia acho que consegui fazer algum do trabalho de casa.

O sonho é a magia da vida. É a energia que nos faz mover em sentidos muitas vezes opostos. É o impulso que nos faz lutar por coisas tão difíceis de alcançar. O sonho concede-nos a ilusão de bem-estar, da certeza e da coragem.

Nos sonhos todas as nossas fantasias são concretizáveis. Não há obstáculos, medos nem receios. Desafiamos e somos desafiados. Lutamos e vencemos. Conquistamos e deixamo-nos conquistar. Temos mil e uma vidas e percorremos cada uma delas com o mesmo sorriso nos lábios, a mesma determinação e o mesmo objectivo: felicidade.

O sonho talvez seja a mais egoísta das sensações. Mesmo que o sonho seja “o bem dos outros”, é sempre o NOSSO sonho, porque somos nós que decidimos o que é bom para os que nos rodeiam e envolvem.

Sonhar é bom, faz bem, é saudável e recomenda-se, mesmo que pelo meio surjam alguns pesadelos.

E a verdade é que muitos dos nossos sonhos nunca se concretizarão, por isso, o melhor é viver os sonhos enquanto temos vontade de os sonhar.