quinta-feira, 13 de março de 2008

Evasões Solitárias

Sentada neste quarto repouso, baixo os meus olhos e tento descansar das imagens que me passam a toda a hora e que a toda a hora tenho de processar. Só eu estou aqui. Só eu. Sim, sozinha! Doce ou fraca conforme me apetece. Esquecida por todos e esquecida por mim. O meu alter-ego é agora aquele ninguém que mais me incomoda neste momento, o meu outro lado... o vazio. O vazio que neste momento esmaga a minha superioridade. Aquela que tantas vezes me conduz para a magia, hoje arranca-me dos sonhos... a solidão. Usando uma expressão que li hoje e porque assim a sinto, ela é a minha frente e o meu verso! Hoje ela traz o sentido mau á minha vida e embate nos meus pensamentos bruscamente de forma a reforçar o meu aborrecimento e a atenuar a minha consciência para a sua inóspil presença. Ironia, como se eu precisasse de reforços de verdade...

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No corre-corre do nosso dia-a-dia são tantas as vezes em que, estando rodeados de inúmeras pessoas, nos sentimos sós. Ficamos desamparados, desprotegidos e sem norte. Sofremos pelo que sentimos, pelas palavras que não têm destinatário, pelas interferências da poluição sonora que nos envolve, pela vontade que temos de gritar para que todos nos possam ouvir, por querer chorar sobre um ombro que não está disponível. Mas estes, são momentos passageiros, temporais, que não se projectam nem no espaço e nem no tempo. São momentos de introspecção, importantes para um crescimento individual, para um aprofundamento de nós mesmos e dos outros. O outro lado da solidão é aquela em que o conforto, a companhia e a cumplicidade humanizante fazem parte de uma memória que se esconde para lá das cinzas de uma vida. São momentos intemporais de profunda degradação de conceitos e valores. Tragos amargos da escuridão imperceptível.

Estar só, viver na solidão, é um estado de alma, um estado físico, um estado psíquico, um estado emocional… é um estado VAZIO.

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