quarta-feira, 19 de março de 2008

Pecado

Dou por mim várias vezes a retomar a atitudes que me fogem do alcance. Recolho-me ás carícias, ás expressões, ao aconchego de tempos passados que jamais serão de um presente, mas que poderão ser sempre de um futuro desejado. São beijos insaciáveis que se perdem na vasta noite em que duas almas alimentam os seus desejos carnais. São paixões platónicas que jorram pecado em cada gesto que manifestam. São. Não. Foram. Olhando a luz de um candeeiro defronte, com a respiração agitada de revolta interrogo-me sobre a perseguição à dança dos corpos quando se entregam ao prazer, ao manifesto do amor. Não. Um manifesto tão grandioso não pode ser pecado. Não pode.

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Surpreendentemente, constatei, na mais alta consideração que tenho pelo meu ser, que pequei em todos os campos do pecado capital. Muitas foram as vezes em que: não resisti à tentação da gula; me deixei dominar pela preguiça; reagi com alguma ira e avareza; fui sobressaltada pela soberba; exibi vaidade e luxúria; cedi à inveja. Confesso, sou pecadora! Peco todos os dias quando reivindico o fim das barbáries do mundo e em nada contribuo para que terminem. Peco por não exigir o suficiente de mim. Peco sempre que estou centrada no meu umbigo. Peco porque, apesar da consciência do pecado, continuo a pecar todos os dias. Mas rapidamente, acalmo a minha alma que já se encontra em declínio. Também sou capaz de actos virtuosos. O pecado também pode ser saudável…. Que seria de nós sem um bom pecado?.. Sem um desejo proibido?... Sem uma fantasia secreta?...

2 comentários:

Jorge Valente disse...

:) um beijinho amiga pela tomada aberta e partilhada de consciência que aqui colocas.

Sabes...é verdade que somos pecadores e se tu o dizes que és, eu afirmo-o mil vezes mais que o sou.

Bom texto, boa partilha e serviu para bater com a cabeça na parede...muito mesmo.

Be jinhos :)

Boa Páscoa


Ps - Ahhhhhh vê lá se para a proxima consegues mesmo atropelar-me, que hoje ias conseguindo...:D:D:D

VandAnita disse...

É de bom agrado que constatamos que as nossas ideias são tão próximas que não permitem a distinção entre textos.

De facto o pecado é uma faceta transversal a todos os seres humanos... e se as nossas palavras serviram para uma reflexão tanto melhor.

Obrigada, também, pela tua partilha :)

.:beijos:.